Ministério da Educação
Universidade Federal de Santa Maria
Universidade Aberta do Brasil
Centro de Ciências da Saúde - Departamento de Enfermagem
Núcleo de Estudos Mulheres, Gênero e Políticas Públicas
Curso de Aperfeiçoamento GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS EM GÊNERO E RAÇA
Módulo II - Políticas Públicas, Sexo e Gênero
Coordenação: Professora Maria Celeste Landerdahl e Stela Maris Padoim
Santa Maria, Julho de 2011.
Olá, a Tod@s Vocês.
Gostaríamos de, nesse momento, dar um retorno a vocês sobre o Fórum 1, do Módulo II, do Curso de Capacitação.
Temos consciência de que o tema aborto, abordado neste primeiro Fórum, é realmente um assunto polêmico e instigante, mas de difícil abordagem, porque envolve discursos (falas) marcados por disputas políticas. Além disso, mobiliza sentimentos contraditórios, no qual estão envolvidos princípios éticos e morais, que ora podem nos remeter a um extremo, ora a outro.
Por isso, parabenizamos a todas e a todos pela CORAGEM de se colocarem, independente de serem contra ou a favor do aborto. Até porque, a proposta é ir além do cômodo sou contra ou sou a favor.
A proposta é possibilitar uma reflexão que permita separar duas coisas, ou seja:
(1) uma coisa é ser contra ou a favor do aborto, situação em que estão envolvidos os valores e princípios de cada pessoa que devem ser respeitados mas jamais julgados, afinal a consciência é de cada um.
(2) Outra coisa é entender que, descriminalizar o aborto significa que esse deixa de ser caso de polícia - em que a mulher (e não o casal!!) é julgada e culpabilizada - para ser caso de saúde pública, em que, mulheres que abortam devam ter assistência digna, como qualquer outro ser humano.
(2) Outra coisa é entender que, descriminalizar o aborto significa que esse deixa de ser caso de polícia - em que a mulher (e não o casal!!) é julgada e culpabilizada - para ser caso de saúde pública, em que, mulheres que abortam devam ter assistência digna, como qualquer outro ser humano.
Isso significa afirmar que, podemos ser contra o aborto, mas não devemos julgar quem faz aborto e, muito menos, impedir que essa pessoa tenha tratamento digno, independente de suas escolhas e de minha opinião pessoal. Agir deste modo é colocar de lado nossos preconceitos e ficar abertos ao diálogo. O diálogo é o caminho que possibilita assegurar e promover os direitos fundamentais das mulheres a uma vida sem violência, às decisões reprodutivas sem coerção, ao exercício da saúde integral garantidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Lembremos que segundo a maior pesquisa feita no Brasil (Pesquisa Nacional de Aborto, 2010), mais de uma em cada cinco mulheres já fez aborto no Brasil. Ele é feito tipicamente nas idades entre 18 e 29 anos e é mais comum entre mulheres de baixo nível educacional, sendo que a maioria dos abortos é feito por mulheres católicas, seguidas pelas protestantes e evangélicas. Cerca de metade das mulheres que fizeram aborto recorreram ao SUS e foram internadas por complicações relacionadas ao aborto.
Estes dados nos mostram que, independentemente dos posicionamentos contra, o aborto continua a ser uma realidade brasileira (e mundial). Julgar as mulheres que recorrem a ele não tem nos ajudado a garantir os direitos ao atendimento com respeito e dignidade. Pelo contrário, a criminalização do aborto tem levado ao silenciamento das mulheres. E o silêncio pode levar à morte.
Assim, gostaríamos que tod@ nós seguissemos pensando sobre essa temática durante todo o curso, por isso resolvemos deixar esse espaço democrático aberto...
Sugerimos que continuem a ler as postagens dos colegas no Fórum, reflitam sobre elas... Sabemos que essa é uma tarefa difícil, mas se quisermos um mundo melhor, mais solidário e respeitoso aos direitos das mulheres e dos homens, precisamos unir nossas forças através do diálogo. Isto é capacitar-se em Gênero!
Maria Celeste Landerdahl
Adriane Roso