quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Aborto - Texto aos Cursistas


Ministério da Educação
Universidade Federal de Santa Maria
 Universidade Aberta do Brasil
Centro de Ciências da Saúde - Departamento de Enfermagem 
Núcleo de Estudos Mulheres, Gênero e Políticas Públicas
Curso de Aperfeiçoamento GESTÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS EM GÊNERO E RAÇA
Módulo II - Políticas Públicas, Sexo e Gênero
Coordenação: Professora Maria Celeste Landerdahl e Stela Maris Padoim
Santa Maria, Julho de 2011.
Olá, a Tod@s Vocês.
Gostaríamos de, nesse momento, dar um retorno a vocês sobre o Fórum 1, do Módulo II, do Curso de Capacitação.
Temos consciência de que o tema aborto, abordado neste primeiro Fórum, é realmente um assunto polêmico e instigante, mas de difícil abordagem, porque envolve discursos (falas) marcados por disputas políticas. Além disso, mobiliza sentimentos contraditórios, no qual estão envolvidos princípios éticos e morais, que ora podem nos remeter a um extremo, ora a outro.

Por isso, parabenizamos a todas e a todos pela CORAGEM de se colocarem, independente de serem contra ou a favor do aborto. Até porque, a proposta é ir além do cômodo sou contra ou sou a favor.

A proposta é possibilitar uma reflexão que permita separar duas coisas, ou seja:
(1) uma coisa é ser contra ou a favor do aborto, situação em que estão envolvidos os valores e princípios de cada pessoa que devem ser respeitados mas jamais julgados, afinal a consciência é de cada um.

(2) Outra coisa é entender que, descriminalizar o aborto significa que esse deixa de ser caso de polícia - em que a mulher (e não o casal!!) é julgada e culpabilizada - para ser caso de saúde pública, em que, mulheres que abortam devam ter assistência digna, como qualquer outro ser humano.
Isso significa afirmar que, podemos ser contra o aborto, mas não devemos julgar quem faz aborto e, muito menos, impedir que essa pessoa tenha tratamento digno, independente de suas escolhas e de minha opinião pessoal. Agir deste modo é colocar de lado nossos preconceitos e ficar abertos ao diálogo. O diálogo é o caminho que possibilita assegurar e promover os direitos fundamentais das mulheres a uma vida sem violência, às decisões reprodutivas sem coerção, ao exercício da saúde integral garantidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Lembremos que segundo a maior pesquisa feita no Brasil (Pesquisa Nacional de Aborto, 2010), mais de uma em cada cinco mulheres já fez aborto no Brasil. Ele é feito tipicamente nas idades entre 18 e 29 anos e é mais comum entre mulheres de baixo nível educacional, sendo que a maioria dos abortos é feito por mulheres católicas, seguidas pelas protestantes e evangélicas. Cerca de metade das mulheres que fizeram aborto recorreram ao SUS e foram internadas por complicações relacionadas ao aborto.

Estes dados nos mostram que, independentemente dos posicionamentos contra, o aborto continua a ser uma realidade brasileira (e mundial). Julgar as mulheres que recorrem a ele não tem nos ajudado a garantir os direitos ao atendimento com respeito e dignidade. Pelo contrário, a criminalização do aborto tem levado ao silenciamento das mulheres. E o silêncio pode levar à morte.

Assim, gostaríamos que tod@ nós seguissemos pensando sobre essa temática durante todo o curso, por isso resolvemos deixar esse espaço democrático aberto...
Sugerimos que continuem a ler as postagens dos colegas no Fórum, reflitam sobre elas... Sabemos que essa é uma tarefa difícil, mas se quisermos um mundo melhor, mais solidário e respeitoso aos direitos das mulheres e dos homens, precisamos unir nossas forças através do diálogo. Isto é capacitar-se em Gênero!

Maria Celeste Landerdahl
Adriane Roso

2 comentários:

  1. se pensa na criminalização das pessoas que fazem o aborto, mas já se parou para pensar na situação desta pessoa nas questões de cuidados com esta criança que vai nascer nas relações que esta mãe vai ter com esta criança, na forma de condução da situação, se tem algum programa ou politica pública que atenda essas familias vulneraveis em tempo integral, que se tenha um atendimento humanitario despido de preconceitos e outras atitudes que a sociedade nos impõe, será que os profissionais estão capacitados para este atendimento, discutir a relação dos outros é facil, como vamos discutir as nossas relações, como vamos alterar a situação de nosso país, como vamos fazer para atuar nestas situações,

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  2. Acredito que abortar é uma questão pessoal,cada um envolvido deve saber o que é melhor para si em determinado momento da sua vida.É uma opção bem difícil devido em parte ao atendimento que temos em nosso país com a saúde pública e em parte também por sermos de maioria cristã.

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