domingo, 16 de janeiro de 2011

2 º Passo: Leitura de Entrevista

Você acessa a entrevista com a antropóloga Maria Luiza Heilborn (CLAM/IMS/UERJ) em:
https://docs.google.com/leaf?id=0B7Fk1b3bV6faYzhhMjQzNmMtMjY5OC00ZDhhLTkzZDQtZTk3OTk3MWYzMjJl&sort=name&layout=list&num=50

Ao terminar de ler, você poderá responder algumas das mesmas perguntas que aparecem no texto:
  • Como você concilia trabalho e família?.
  • Que papéis a tua família e a tua escola desempenham na reprodução ou na resistência à produção das
  • desigualdades de gênero?
OBS: não é para entregar as respostas (NÃO é uma tarefa avaliativa). As questões são para que você possa continuar pensando sobre isso... No entanto, se você quiser, poderá postar seus comentários no Blog.

13 comentários:

  1. Pontuo um trecho da entrevista da profª Maria Luiza que me chamou a atenção, dificilmente um homem é abordado acerca de como ele concilia trabalho e família. Essa atribuição de cuidadora do lar e dos filhos está tão arraigada culturamente como atribuição da mulher, que naturalizamos que as homens estas responsabilidades não são delegadas.Embora, percebemos paulatinamente algumas (des)construções e mudanças de praticas sociais como bem aponta a profª.

    Ainda na entrevista da Maluh há uma afirmação muito importante: "...a escola tem um papel de formação da civilidade, que deve implicar a ideia fundamental de equidade de gênero, uma ideia que aposta na competência de ambos os sexos para realizar o melhor da vida." Isto nos abre possibilidades de pensar a instituição escolar como um espaço de discussão e menos de crenças e preconceitos ainda reafirmadas nas percepções familiares.

    Letícia Becker Vieira

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  2. Essa entrevista realmente é profunda e traz questões do nosso cotidiano que nos inquietam. Ao longo da leitura fui refletindo sobre o cenário que estou inserida, no atendimento numa Unidade Básica de Saúde com o acopanhamento do crescimento e desenvolvimento das crianças. E, essa atribuição à mulher de ser cuidadora aparece fortemente, tentando descrever em numéricos, atendi aproximandamente 200 crianças, e no máximo umas 5 foram acompanhadas pelo pai. Isso requer algumas mudanças como mostra a entrevista.

    Att
    Annie Bisso

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  3. Como é falado na entrevista em naturalização da maternidade não poderia deixar de comentar que este é um dos períodos da vida da mulher, especificamente o momento do parto, em que mais se verifica desigualdade e violência de gênero. Cito uma analogia sobre o trabalho de parto escrito pela antropóloga Emily Martin (2006):
    Se dissessem a um homem que ele teria de ter uma ereção e ejacular dentro de um período de tempo específico, caso contrário seria castrado, você acha que seria fácil? Para tornar a coisa mais fácil talvez enfiassem solução intravenosa em seu braço, obrigassem-no a ficar em uma determinada posição, colocassem esparadrapos em volta de seu pênis e mandassem ficar imóvel: ele poderia ser examinado a cada dois minutos: o lençol seria levantado para verificar se ocorreu algum progresso.”
    Isto soa ridículo, mas como percebemos na maioria dos serviços de Obstetrícia é adequado quando uma mulher é colocada numa posição estruturalmente análoga durante o seu trabalho de parto e sofre vários tipos de intervenção sem ser informada sobre o que está acontecendo com seu corpo.


    Lizandra Flores Pimenta

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  4. Quanto à questão de gênero, a mulher está conquistando muito espaço no mercado de trabalho e por isso a relação entre o homem e a mulher na família deve ser equilibrada, de modo que todas as atividades sejam de responsabilidade de ambos. A família nunca me impediu de ter minha vida profissional equilibrada porque tenho direitos como mãe de acompanhar a saúde dos filhos e nas demais questões, o casal pode dividir as obrigações sem machismo nem estereótipos sociais.
    Quanto à escola, ela insiste em reproduzir a desigualdade entre os gêneros em situações quando afirma ser de responsabilidade da mãe a educação dos filhos e o comparecimento em reuniões, como também ao fazer festividades para os Dias das Mães sem realizar o mesmo para o Dia dos Pais.
    Scheila Secretti - Polo Sobradinho

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  5. Muito interessante a entrevista feita com a antropóloga Maria Luíza, principalmente quando se refere ao ambiente escolar como promotora da equidade de gênero. Destaco esse ponto porque sou professora e na escola onde atuo observo exatamente o contrário, e não vou negar que durante muito tempo na minha carreira no magistério também segui pelo paradigma de marcar as "diferenças" de gênero. Começando pelas filas de meninas e meninos, brincadeiras de meninas e meninos..etc...Os professores precisam estar abertos as leituras, ao enfrentamento de velhos hábitos e atitudes, para uma nova e justa maneira de atuar na escola e nas vidas. As leituras realizadas no módulo 1 e módulo 2, bem como a entrevista e os filmes (assisti ha muito tempo Transamérica, e resolvi ver Volver para fazer a análise crítica)estão me ajudando também na reflexão sobre essa temática, no meu trabalho e na minha vivência.

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  6. Os estereótipos de ser homem e ser mulher, historicamente definidos se reproduzem no mercado de trabalho e isto acontece por meio da educação formal e informal que desde a infância coloca a mulher como um ser subalterno. A mulher do inicio do século XX ainda era vista como alguém submisso, sem vontade, com a capacidade única de ser mãe e dona de casa. Embora atualmente haja uma participação feminina nos mais diversos tipos de atividade, as condições de trabalho têm sido diferentes para homens e mulheres, tanto em termos salariais como em relação à importância dos cargos que ocupam. Diferenças essas que são definidas por suas respectivas representações sociais, culturais e raciais. As relações sociais dos sexos, entendidas como relações desiguais, hierárquicas e de opressão entre duas categorias socialmente construídas continuam a serem reproduzidas nos dias atuais por nós, mulheres emancipadas. Corremos muito para atuarmos bem em todos os papéis sociais que nos foram atribuídos e nos vangloriamos por conseguirmos dar conta do “recado”. Somos filhas, irmãs, mães, esposas, amantes, profissionais, donas de casa, motoristas, estudantes, namoradas, e nossos companheiros, a maioria deles, continuam cuidando de suas carreiras e sendo o provedor da casa. Para as mulheres que desempenham mais este papel o preconceito de estar só ou de ser uma caçadora de homem se faz presente no seu cotidiano. É preciso fazer com que as referências tradicionais sejam menos essenciais e que o confronto com uma quantidade vertiginosa de escolhas acerca de quem somos, de como deveríamos viver e do que devemos fazer seja um encontro entre homens e mulheres dispostos, por meio de nossa capacidade como seres humanos autoconscientes, que constantemente criamos e recriamos nossas identidades, reinventar a democracia de gênero. Como professora vejo todos os dias meninos e meninas reproduzindo seus lugares específicos na sociedade e com extrema resistência para quebrar estes papéis apreendidos na família.

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  7. A entrevista com a Profª Maria Luiza Heilborn nos remete a uma série de inquietações sobre o nosso cotidiano, assim como, nos auxilia na compreensão das demais leituras para este curso.
    Gostaria de ressaltar o trecho: “Existe uma socialização insana para que as mulheres levem em consideração que a maternidade é o destino delas, inclusive, fazendo com que aquelas, que por ventura, tenham escolhido não serem mães ou que não tenham tido a oportunidade de sê-lo – seja por não encontrarem parceiros com quem tivessem querido filhos ou por algum tipo de impedimento biológico – se sintam diminuídas relativamente a outras mulheres que vivenciam esta experiência.”
    A sociedade vê na maternidade, assim como, em determinados modelos de família, a única maneira de encontrar a felicidade, é uma idéia tão imbricada na sociedade que parece não existir outras possibilidades de realizações pessoais. É quase como uma regra, aqueles que não se encaixam, ou seja, que não fazem esta escolha, fogem do “normal”.
    Trabalho com crianças em projetos sociais e através do comportamento e até mesmo de relatos percebe-se como os papéis, as atribuições, as trajetórias já estão predefinidas para cada gênero.

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  8. A entrevista traz significativas reflexões sobre ser mulher na sociedade de hoje:
    -a primeira referência que faço é o quanto nas escolas ainda vemos práticas pautadas na distinção de gênero, o ambiente escolar depois da família é onde as crianças e adolescentes participam ativamente de relações sociais, e pelo seu papel político na estruturação da sociedade acredito que as ações no contexto das escolas precisam urgentemente levar em consideração a equidade de gênero. Tarefa esta ainda bastante difícil, pois nossas escolas ainda estruturadas nos padrões fabris, embora hoje tenham como políticas educacionais norteadoras a democratização e a educação para todos, tem o triste hábito de classificar e separar, o que contribui para manutenção da perspectiva de desigualdades de gêneros.
    -a segunda referência que faço é que fica explicito nas reflexões da entrevista é sobre o quanto as mulheres são cobradas/questionadas sobre conciliar o trabalho e a família e também sobre as escolhas dos projetos de vida das mulheres, vivemos em uma sociedade tecnológica, de grandes avanços científicos mas com grande dificuldade de compreender e aceitar a equidade de gêneros.

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  9. Em uma passagem da entrevista da antropóloga Maria Luiza Heilborn é escrito o seguinte: "Além do fenômeno da alfabetização e transmissão de conhecimentos, a escola tem um papel na formação da civilidade, que deve implicar a ideia fundamental de equidade de gênero, (...) que aposta na competência de ambos os sexos (...)".
    Acredito e concordo com essa afirmação, pois a escola surge como um espaço de transformação ou perpetuação de determinados estereótipos e concepções. Esse espaço é, de certa forma, um paradoxo. De um lado, algumas regras podem separar meninos e meninas de forma que não consigam nem trabalhar juntos porque uns substimam os outros. Além disso, estudantes com tendências homossexuais são vistos como anormais e sofrem com piadinhas, comparações infames e, muitas vezes,com falta de respeito.
    Por outro lado, no entanto, a escola é ideal para a quebra de tabus, a desmitificação e desmistificação de mitos e a desnaturalização de pré-concepções. É na escola que podemos buscar a equidade de gênero, depende de como trabalhamos com crianças e adolescentes e de quais objetivos desejamos alcançar.

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  10. Vejo que a entrevista provocou vocês e muito. Realmente, muitas transformações têm ocorrido com o passar dos anos, mas, ainda, são tímidas frente às injustiças sociais.
    As transformações podem começar em diversos lugares, como vocês assinalaram: na família, nas escolas, no trabalho...
    Cada passo que a gente dá - por menor que seja - contribui nessa jornada... ensinar o filho homem a lavar louça... não lavar a louça se eles não lavam... ensinar a filha mulher que ela pode desejar ser presidenta ou o que for... ensinar o filho homem que ele pode ser o "primeiro-damo"... as pequenas transformações podem gerar revoluções.
    Fazer esse curso de capacitação também pode ser um modo de engendrar revoluções. Parabéns a todas vocês pelos comentários aqui postados!
    Adriane Roso

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  11. Li a entrevista, da antropóloga Maria Luíza, muito impactada ainda pelo filme Minha Vida em Cor-de-Rosa (Alain Berliner – 1997), que recomendo que possam assistir também. O filme se passa na Bélgica e conta história da família Fabre, pai, mãe e suas quatro crianças. A peculiaridade dessa família é que seu filho mais novo, Ludovic, de sete anos, acha que é um menino-menina e que vai se transformar em menina a qualquer momento.
    O filme traz de forma contundente as dificuldades enfrentadas pela família, em especial, em relação a escola que não tolera a presença de Ludovic. Os pais das outras crianças se mobizam e produzem um abaixo assinado que é acatado pela direção que exige a saída de Ludivic da escola. Se analisarmos é um exemplo claro, do que Maria Luíza coloca em relação ao marcadores sociais:
    "Fundamentalmente podemos imaginar que as sociedades ocidentais conheçam sempre um modo de designar o que é particular, ou atributo de homens e de mulheres, de tal maneira a se criar determinadas expectativas, atitudes, comportamentos, assignações de lugares sociais para homens e mulheres. É isso então que a professora Bila Sorj, em sua vídeo-aula, trata como sistema de práticas e valores que gera marcadores sociais que designam o que é masculino e o que é feminino."
    Certamente a escola já avançou muito, mas concordo com Aline e Débora há muito que se avançar para além de práticas pautadas na distinção de gênero. Mudanças essas, que dependem também de cada uma, cada um de nós!

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  12. A pergunta como concilia-se trabalho e família reforça a lógica binária entre homens e mulheres, do lugar do masculino e feminino atribuído pela cultura e de preferência que o corpo biológico combine com esses atributos culturais.
    Quando se menciona trabalho e família, parece denotar que não seria possível conciliá-los, ou de que o cuidado familiar não seja trabalho, sendo, que também o é. À família está designada como atributo da mulher. O trabalho para provimento da família, incumbido ao homem, como se o homem estivesse isento do cuidado familiar e a mulher isenta de trabalhar para o provimento da família. Eis a divisão social/desigual do trabalho.
    Muitos aspectos estão mudando nesta perspectiva, ao encontro do que diz a profa Maria Luiza na entrevista, quanto às práticas sociais e mentalidades, tanto o é, que as mulheres tem se destacado em diversos postos de trabalho, décadas anteriores exclusivo de homens. Claro que, ainda são as que recebem os menores salários, também, que o machismo aparece sob diversas formas, dentre elas, pela violência física e psíquica, reforçando as desigualdades de gênero.
    Então, trabalho e família concilio da mesma forma que meu irmão...risos! Quanto a minha família, que reside em área rural, reproduzem nas práticas e discurso estereótipos da diferença de gênero, em que o cuidado doméstico centra-se na mulher e as lidas no campo, com o homem, por terem sido ‘preparados’ durante a infância e adolescência para ocuparem estes lugares. Contudo, há gradativa mudança de mentalidade, que devido a migração do campo para a cidade e a evasão dos jovens, passou-se a demandar outras conformações na organização do trabalho: o homem tem ajudado a mulher nos afazeres domésticos e esta em algumas práticas agrícolas. É uma realidade que não se pode generalizar, pois há ainda muitas mulheres que trabalham sob a determinação e controle do capital pelos homens.
    Na escola os estereótipos que reforçam a diferença de gênero, ás vezes está tão arraigado, que falas e práticas soam como ‘natural’ (a naturalização da hierarquia!). Entretanto, a escola, na sua função social, pode e deve contribuir na problematização dos mesmos, e em atitudes, desconstruindo-os nos discursos e práticas/atitudes, rumo, como a autora diz, na formação do cidadão que pense sob uma perspectiva da equidade de gênero. Assim, se tem a oportunidade de construir novos pilares para uma sociedade mais democrática, inclusiva, não só em termos de direitos, mas de valores sociais/humanos.

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