quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Fórum - Questão 7

Com base nas leituras e reflexões feitas durante as semanas que passaram, responda a seguinte questão:
7 - Atualmente, a violência doméstica e familiar contra as mulheres tem sido considerada como um problema de Saúde Pública no Brasil. No senso comum são recorrentes frases do tipo: Ela apanha porque gosta! Em briga de marido e mulher não se mete a colher! Um tapinha não dói! Em que medida tais representações sociais contribuem para a reprodução da desigualdade de gênero e banalização da violência contra as mulheres?
OBS: serão postadas cinco (5) perguntas hoje à noite (quarta-feira). Escolha no mínimo duas para responder. Não esqueça de interagir com os comentários dos colegas.

23 comentários:

  1. Realmente, ha violência contra a mulher (de todos os tipos) e ela é tão constante que muitos consideram normal, corriqueiro que isso ocorra dentro das famílias, no meio social.A televisão e algumas letras de "música" colaboram com a banalização da mulher, e criam uma cultura propensa a aceitação da violência, a imposição do homem, aumentando as desigualdades de gênero, reforçando o tipo de homem troculento e o tipo de mulher que é submissa e que aceita a exposição e as agressões,corporais e verbais. No filme Volver é tratado o assunto da violência sexual e do medo que a mulher sente em contar o que ocorreu, de denunciar...e isso é comum na nossa sociedade, a mulher tem medo de se expor, de enfrentar uma delegacia para denunciar, e ainda correndo o risco do deboche de pessoas despreparadas para tratar de assuntos dessa magnitude. Há muito trabalho a fazer! Esse curso vem a colaborar com isso!Esperamos poder transformar, mudar paradigmas!

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  2. O vídeo, Não é fácil, não! Prevenindo a violência de homens e mulheres, produzido por Três Laranjas Comunicações apresenta uma situação ficcional sobre violência familiar e o modo como essa violência reflete questões mais amplas do contexto social da família. Algumas mudanças de postura costumam estar associadas a reflexões sobre valores. Relaciono então a um caso de violência contra a mulher que atendi. Como o serviço que trabalho é referência as mulheres vítimas de violência do Município de Santa Maria e região, frequentemente deparamos com histórias de violência intrafamiliar. Relato o caso de uma moça de 35 anos que grávida pela primeira vez procurou atendimento relatando sangramento. Em uma conversa mais detalhada, após muitas dúvidas em relação a origem do sangramento, ela contou que foi agredida várias vezes na noite anterior pelo namorado, e pediu ajuda pois não queria retornar para casa dele onde estava morando, com medo de mais agressões.Ela havia saído da casa dos pais que fica em outro Estado,a contragosto destes devido eles não aceitarem o namoro.Foi orientada que deveria realizar o boletim de ocorrência, pois necessita encaminhamento judicial para ter direito a ficar na casa de passagem ( nós do serviço não podemos encaminhar diretamente para este serviço).Como não havia necessidade de internação, ela não queria que contatássemos seus familiares e também estava muito esparançosa, quanto a melhora do namorado em não prosseguir com as agressões, pois segundo ela que já havia conversado por telefone com ele após o incidente disse que ele se mostrava arrependido e a aguardava do lado de fora do serviço. Devido a gestação acionamos o conselho tutelar, ela relatou que no seu Estado de origem já havia feito um boletim de ocorrência relatando a violência do namorado e que mesmo assim resolveu vir morar com ele pensando que após o ocorrido tudo iria mudar.Mesmo após todas as orientações ela quis voltar para casa do namorado.Passado dois dias ela retornou com a mesma queixa acionamos o conselheiro tutelar que já a estava acompanhando. Fizemos todos os contatos necessários, inclusive com os familiares relatando o ocorrido, e eles enviaram dinheiro para ela retornar para a casa. Neste período mesmo não sendo necessário a sua internação, e sem a sua aquiescência, ela foi internada para que fossem realizados todos estes arranjos e para que ela pudesse ter um período de reflexão longe daquela situação. No 3º dia ela saiu acompanhada do conselheiro até a rodoviária para ser encaminhada a sua cidade de origem onde seus familiares a aguardavam.
    Percebo que é muito difícil para as mulheres que vivenciam esta situação sair do ciclo de violência, e para nós profissionais é frustrante, pois fazemos tudo que está ao nosso alcance para retirar a vítima da situação de violência, mas a transformação está nela, são aspectos subjetivos que estamos lidando, que não mudam drasticamente de uma hora para outra. A violência contra a mulher tem suas raízes alicerçadas em questões construídas culturalmente pela sociedade, as quais determinam os papéis sociais de homens e mulheres. Dentre esses, o de quem agride e o de quem sofre a agressão, fenômenos que, equivocadamente passaram a ser vistos como naturais pela sociedade.

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  3. Concordo plenamente com a colega Aline Madri, pois o medo de se expor ou de sofrer represálias faz com que a agressão contra mulheres estejam maiores, mesmo com a Lei Maria da Penha em pleno vigor. A tv e algumas músicas ajudam a expor a violência contra a mulher como algo "natural". Também como a Lizandra coloca quebrar este ciclo de violência é difícil, pois parentes e amigos não querem se envolver em questões que não lhes diz respeito, segundo eles, e as instituições responsáveis para socorrer as mulheres em situação de risco não estão preparadas para colocarem em prática o que propagam. Também a certeza da impunidade leva homens a bater, matar ou mandar mandar e mesmo sendo considerados culpados pela justiça conseguem ficar livres ou pagar através da prisão parte de sua pena. Muitas vezes a mulher que sofreu a agressão ainda é considerada culpada, porque estava "desafiando o poder do macho". É necessário a união de homens e mulheres para que esta realidade torne-se um passado inesquecível, assim como foi a escravidão negra, para que não possamos permitir seu retorno ao nosso meio de concívio social.

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  4. São os dizeres como os citados na questão que promovem a desvalorização da mulher, e, quando repetidos, desprovidos de reflexão, acabam sendo tidos como verdade. É a banalização de uma cultura viciosa e discriminatória que, muitas vezes, recebe o aval dos familiares e da sociedade. Crianças e adolescentes crescem repetindo refrões e presenciando imagens apelativas que denigrem o conceito de ser mulher. As pessoas acabam internalizando estes conceitos que conduzem a dominação e discriminação dentro das casas e das famílias. E o pior, a mulher quando condicionada a situações de violência e humilhação sente-se fragilizada e culpada diante da sociedade perdendo, muitas vezes, a capacidade de ação. A violência espalha o terror dentro do contexto familiar a das convivências deixando profundas marcas. Penso que mais que punir o agressor, é preciso educar estas e as novas gerações para que ele deixe de existir.

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  5. Ela apanha porque gosta! Em briga de marido e mulher não se mete a colher! Um tapinha não dói! São expressões desenvolvidas por um tempo social em que homens e mulheres consideravam outros valores sociais.

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  6. A violência contra as mulheres assumiu um caráter público a partir de reivindicações de movimentos sociais e de mulheres que começaram a denunciar as situações de violência vividas dentro dos lares, e que possuía um caráter até então privado, sendo ‘exercida e resolvida’ entre a mulher e o companheiro, e, legitimada por parte da sociedade. Ao ganhar visibilidade e comprovar seus impactos sociais, econômicos e nas questões de saúde dos envolvidos, passou a ser exigida nas agendas governamentais ações de combate e prevenção da violência no âmbito mundial e nacional.
    Por conta desta demanda no ano de 2008, a Secretaria Especial de Política para as Mulheres (SPM) a partir da I Conferencia Nacional de Política para as Mulheres elaborou a Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres (BRASIL, 2008) que tem por finalidade estabelecer ações de prevenção e combate à violência contra as mulheres. O conceito de enfrentamento e rede de atendimento adotado pela Política diz respeito à implementação de políticas amplas e articuladas, que procuram dar conta da complexidade da questão, por meio da ação conjunta de vários setores (saúde, segurança pública, justiça, educação, assistência social, entre outros). Portanto, a noção de enfrentamento engloba as dimensões de combate, prevenção, da assistência e da garantia de direitos das mulheres. isto vem ao encontro da fala da colega Lizandra que pontua a importancia da articulação dos diversos setores que deveme star envolvidos no enfrentamento desta problemática, como saúde, segurança pública, assistencia social, judiciário, educação, habitação, cultura, além da atuação articualada de organismos não governamentais e comunidade.
    A necessidade de uma rede de atendimento que leve em conta a rota crítica (OMS/OPAS, 1998) em que a mulher de situação percorre, que se refere ao caminho que esta encontra ao buscar resposta do Estado e das redes sociais frente à situação de violência. essa possui diversas portas de entradas que devem trabalhar de forma articulada o sentido de prestar uma assistencia qualificada e não -revitimizante a mulher em situação de violencia.

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  7. Aline também achei que o Filme Volver relata com muita veracidade o drama de mulheres que sofrem violência sexual ou física e o medo da reação, inclusive dos familiares. Lendo o relato da Lizandra, fico pensando na violência e na dominação psicológica que as mulheres sofrem. Acredito que isto ainda é reflexo de uma socieddae machista e dominadora, em que a mulher muitas vezes é vista como forma de diversão e de continuidade da espécie.
    Questões de violência doméstica e familiar são ao meu ver sim uma questão de saúde pública, além de serem de ordem moral e social.
    Lendo os comentários das colegas lembrei de coisas que li tipo:
    "... muitas mulheres pensam que para serem valorizadsa e admiradas, precisam expor o corpo em exagero, usando roupas minímas, esquecem-se que podem ser admiradsa pela sua cultura, postura ética e compet~encia profissional, não vejo os homens sendo escolhidos para determinadas funções devido a exposição do corpo..."
    "... hoje ainda existem mulheres "mariazinhas", que ficam sonhando com um homem princípe enqantado que surege em suas vidas para resolver todos os seus problemas, quando as mulheres vão tomar consciência que elas próprias podem resolver seus problemas sem depender dos homens?..."
    A caminhada é longa para o cambate a violência doméstica e familiar e isto só vai acontecer no momento em que a sociedade não aceitar este comportamento como " normal" e possível de acontecer e ser justificado.

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  8. As mulheres são mães, filhas, avós, esposas e estão mais vulneráveis socialmente juntamente com as crianças e os adolescentes. Estão mais propensas a vitimização por violência no seu lar ou no local onde trabalham.
    Alguns grupos, por não se enquadrarem no paradigma do homem, branco, adulto, ocidental, heterossexual e dono de um patrimônio, estão mais vulneráveis a preconceitos, discriminação e violência e acabam tendo seus direitos violados. Por essa razão, as mulheres, as crianças e adolescentes, os idosos, os afro-descendentes , as pessoas portadoras de deficiência e os LGBT(lésbicas,gays,bissexuais e transgêneros entre outros, são considerados grupos mais vulneráveis e contam com diversos dispositivos legais (estatutos e leis) que os amparam.
    O sentimento de “não poder fazer nada” experimentado pela maioria das mulheres que sofreram violência doméstica, as transformam em vítimas e muitas vezes a crença de que o marido/companheiro deixará de ser violento induz a mulher a lhe dar mais uma oportunidade na relação, e a mesma não presta queixa na Delegacia. Há, uma ideologia de defesa da família, que chega a impedir a denúncia, por parte dessas mulheres, de mães, de abusos sexuais por pais contra seus (suas) próprios(as) filhos(as), para não mencionar a tolerância, durante anos seguidos, de violências físicas e sexuais contra si mesmas.
    Com isso, acaba criando-se esses estereótipos,essas representações de que as mulheres gostam de apanhar, de que elas não saem dessa situação porque não querem. As violências física, sexual, emocional e moral não ocorrem isoladamente. A situação de vulnerabilidade social das mulheres se cruzam com as de classe, de raça e de gênero, por isso que ações afirmativas se fazem necessárias, mais no sentido de minimizar discriminações por conta de identidades políticos culturais como: o ser mulher, ser negra, ser jovem ou ser velha.
    Mara Soares

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  9. Conforme apontado anteriormente à mídia promove a violência contra a mulher constantemente, os canais abertos em especial, cujas camadas populares, (público que possui maior índice de denúncia por agressão) possuem acesso, passam insistentemente cenas de agressão em todos os horários, tais ações contribuem para que estes ideais perpetuem em nossa cultura, pois estes são meios de comunicação utilizados por grande parte da população, abrangendo sujeitos de diferentes faixas etárias. Bom seria se meios como à televisão fossem fonte de informação no que tange questões pertinentes à qualidade de vida de todos e não como estimulo a depredação da imagem que alguns indivíduos selecionados culturalmente.

    A violência contra as mulheres é uma manifestação de relações de poder historicamente desiguais entre homens e mulheres que conduziram à dominação e à discriminação contra as mulheres pelos homens e impedem o pleno avanço das mulheres...”
    Declaração sobre a Eliminação da Violência contra as Mulheres, Resolução da Assembléia Geral das Nações Unidas, dezembro de 1993.

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  10. Histórias como esta narrada pela colega Lizandra acontecem aos milhares todos os dias em nosso País e nos demais países também, principalmente naqueles onde a mulher não tem a liberdade que temos e nem sequer podem mostrar o rosto. E isso sempre aconteceu na história da humanidade porque o homem é por sua natureza mais agressivo e tem mais força bruta, agindo violentamente, enquanto que a mulher não consegue violentá-lo, mesmo tentando, na mioria dos casos, que não é regra, pois temos inúmeros episódios de homícídios de mulher com seus companheiros. Hà poucos dias por exemplo, uma mulher matou o companheiro enquanto ele dormia e colocou fogo na casa (acidentalmente) ficando impune por falta de provas... e são vários os motivos que desencadeam este tipo de reação. A Lei Maria da Penha ganhou este nome pelo imenso esforço de uma senhora assim chamada em ser ouvida pelas autoridades durante seu sofrimento nas mãos de um homem, e graças a ela muitas mulheres já foram ajudadas quando procuram ajuda. Mas concordo com os colegas quando escrevem que a mulher precisa se ajudar, se afastar daquilo que lhe faz mal e ter dignidade da sua condição de mulher como ser especial capaz de dar a vida e não de perder sua vida por um homem que não merece. Felizmente as mulheres já começaram a quebrar o silêncio de seus sofrimentos e intimidar a violência doméstica, mesmo que seja lentamente!
    Pessoalmente acredito que a violência contra a mulher acontece quando o homem não consegue dominar a mulher nem fazê-la subordinada, de modo que obedeça e faça suas vontades ou caprichos, como acontecia historicamente e era considerado normal na sociedade.
    As representações sociais reproduzidas em frases e comportamentos contribuem para violência contra a mulher na medida que afirma ser normal tal comportamento e que nada pode ser feito para haver mudança, reforçando o machismo social no qual o homem tudo pode e sempre está com a razão, mesmo quando agride uma mulher fisicamente mais fraca.
    Scheila Secretti - Polo Sobradinho

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  11. Esse tipo de frase reforça a desigualdade, subjuga e discrimina a mulher, na medida em que transforma esse tipo de ato em “natural”. Acredito que isso deu margem a inúmeros casos de violência contra a mulher que chegaram ao extremo e muitas tiveram suas vidas ceifadas, conforme podemos ver em noticiários todos os dias, embora a Lei Maria da Penha, em vigor desde 2006, tenha aumentado o rigor das punições aos agressores, a violência ao extremo ainda é comum. Da mesma forma assistimos nos noticiários que, esta ou aquela vítima tinha procurado a delegacia da mulher várias vezes, tinha os boletins de ocorrência, mas mesmo assim o agressor estava solto e a matou. O que faz a polícia nesses casos? Porque a violência chega a tal ponto?

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  12. A violência doméstica é um problema de saúde pública, devido aos índices, e principalmente, porque afeta a vida da mulher em todos os aspectos, relacional, sexual, reprodutivo. Fere a dignidade, autonomia, liberdade e produz medo. De acordo com a colega Alini, algumas até denunciam, mas outras não, devido a exposição, medo, vergonha. Conforme Lizandra, e concordando, há os aspectos subjetivos e muitas vezes, não conseguem saír do círculo da violência. É preciso encorajar a denúncia. Dar visibilidade a situação, sem expor a mulher, para que se vá formando uma outra consciência social afim de coibir a violência contra a mulher.
    Várias são as formas de violência, agressão psicológica ou física, mas todas agridem subjetivamente. A agressão física e de abuso sexual 'atravessam' o corpo de tal forma e 'bagunçam' muito com a subjetividade, de quem a sofre.
    De acordo com a p. 108, livro texto, a forma mais comum de violência é o abuso cometido pelo companheiro em 'nome da (mal)dita honra, como se a mulher fosse sua propriedade.
    E, em alguns casos, há o sentimento de afeto da relação que quando a violência doméstica, ás vezes se tem a esperança da mudança.
    As frases, 'um tapinha não dói', dentre outras, são representações sociais que reforçam a banalização da violência em relação a mulher. Há uma naturalização. E, fazendo gancho com o mencionado pela colega Elize, a mídia, não generalizando, principalmente a que chega na casa de milhões de brasileiros todos os dias, é um aliado da violência, pois reforça a violência. Assim como também, várias letras de música que são sucesso.
    Reforçam o estigma e a relação de poder e desigualdade entre os gêneros.

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  13. Não apenas a música "um tapinha não doi", como a colega Lia disse, são várias as letras de musicas que são amplamente badaladas em rádio e TV, que estão reforçando o estigma e relação de poder e desigualdade entre os gêneros.Penso que algo deveria ser feito para que isso não fosse perpetuado, pois nossas crianças,adolescente e jovens cantam estas músicas diariamente. Sabemos que todo tipo de mensagem seja subliminar ou não, fica em nosso subconsciente. E estas letras nem subliminares são, pelo contrário são explícitas.
    Certa diretora cortou músicas deste tipo nos horários de recreio, porém teve a revolta dos alunos ,pois queriam a liberdade de escolher suas músicas. A diretora deu a sua justificativa e pediu para a Orientadora fazer um trabalho de conscientização sobre o significado das letras. No final os jovens dizeram que não tinham se dado conta do real significa e até ficaram agradecidos.Este episódio teve um bom final , mas a maioria das pessoas cantam sem se darem conta de estarem perpetundo esta ideaologia.
    Sei que existe a liberdade de expressão através das músicas, mas acho que algo deveria ser feito para que amenisar esta situação, conforme a colocação da colega Scheila, que as representações sociais produzidas em frases e comportamentos contribuem para a violência contra a mulher na medida que afirmam que é normal tal comportamento.

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  14. Denize Foletto

    Colegas... A violência contra as mulheres é um dos temas que mais preocupa. Também é um dos problemas que mais oprime o cotidiano das mulheres. Podemos considerar violência tudo que tenta tirar do outro o sentimento de humano, tirar os sonhos, os desejos, as conquistas, tornar o outro coisa. Penso que as essas representações sociais veiculadas, principalmente, pela mídia e reproduzidas em letras de música, contribuem sim, para a violência contra a mulher, pois ao utilizá-las estaremos reforçando e afirmando como normal esse comportamento. Essa banalização serve para legitimar e manter a situação de violência contra a mulher.

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  15. As expressões "Ela apanha porque gosta! Em briga de marido e mulher não se mete a colher! Um tapinha não dói!" contribuem para a reprodução da desigualdade de gênero e banalização da violência contra as mulheres a medida que se naturalizam em nossa sociedade e se tornam verdades cultivadas por homens e mulheres. A violência contra mulher ainda é entendida como algo da ordem do privado e que não cabe a "outros se meterem". A naturalização da violência pela própria mulher também contribui para sua perpetuação, constituindo-se em uma questão importante de saúde pública. Acompanhando casos de mulheres que fazem o registro da ocorrência na Delegacia de Polícia e que logo após não dão prosseguimento ao processo e voltam a morar com o marido e são agredidas novamente e vão em uma próxima vez fazer o registro, também contribui para o fortalecimento dessas representações sociais.

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  16. As representações sociais são construídas através da relação que estabelecemos uns com os outros e com o mundo. Elas podem servir de reforço para que situações permaneçam da forma como estão na medida em que sua veiculação serve para algum tipo de dominação. No caso da violência contra a mulher, as representações construídas em relação a como esta deve se comportar na sua relação com um homem, de forma a se submeter aos seus domínios, contribui fortemente para que os homens se autorizem a violentar as mulheres como se isso fosse algo a ser feito sem questionamento. Percebemos que como a violência é autorizada e legitimada pelas representações sociais, muitas mulheres acabam por não denunciar as exploração e dominação a qual está submetida, ou por medo da reação dos outros ou por medo de sofrer maiores violências. Então, concordo com a colega Lizandra quando diz que a violência contra a mulher está relacionada a questões históricas e culturas, construídas ao longo dos anos. Vemos que em função disso, muitas mulheres permanecem num ciclo de violência, sem conseguir sair dele, não se sentem apoiadas para denunciar as agressões, pois por muito tempo a mulher foi vista como um ser inferior ao homem e portanto, deveria se subjugar a ele.

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  17. Vanuza Disse...

    Atualmente, a violência doméstica e familiar contra as mulheres tem sido considerada como um problema de Saúde Pública no Brasil. No senso comum são recorrentes frases do tipo: Ela apanha porque gosta! Em briga de marido e mulher não se mete a colher! Um tapinha não dói! Em que medida tais representações sociais contribuem para a reprodução da desigualdade de gênero e banalização da violência contra as mulheres?

    Concordo com a colega Aline Madrid no que se refere à desigualdade de gênero e no desprezo à mulher. É muito triste e desolador saber que a cada 15 segundos uma mulher é agredida no Brasil.A violência feminina ( de qualquer classe social, raça, etnia, religião e cultura) é calada e sufocada por vários motivos, dentre eles: a mulher sente-se envergonhada e humilhada ou mesmo culpada pela violência, teme por sua segurança pessoal e pela segurança de seus filhos, espera que o agressor mude o comportamento, quer proteger seu companheiro, dentre outros. O filme “Volver” de Almodóvar, realmente retrata o lado da mulher que “cala” diante do sofrimento físico e psicológico e da agressão sexual. Segundo A Lei Maria da Penha, a violência contra a mulher pode ser física, psicológica, sexual, moral e patrimonial. NÃO é verdade que a mulher gosta de apanhar, que a violência contra a mulher é um problema só do casal, que quando um não quer dois não brigam. Todas as mulheres merecem proteção e respeito: o homem não tem o direito de maltratar nenhuma mulher. Precisamos Denunciar.

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  18. Luciana disse...
    O que percebo é que a sociedade está tão carente de princípios, referenciais e modelos a serem seguidos que já não há bom senso nos limites. A força bruta de alguns homens negligencia toda e qualquer forma de comunicação a não ser: “eu mando e tu obedece”, “quem pode mais, chora menos”... Mas na medida em que a mídia divulga a condenação de homens violentos, começa a mudar a realidade de muitas mulheres e filhos que sofrem tais violências. Novos tempos sobre os nossos céus...

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  19. Fazendo um adendo... a Política maior que trata desta temática a Política Nacional de Enfretamento a violência contra as mulheres, orienta o uso da terminologia mulheres em situação de violência, uma vez que O termo “em situação de’ é utilizado no lugar de vítima de violência, uma vez que a condição de vítima pode ser paralisante e reforça a representação da mulher como passiva e dependente. Assim, estar em situação oferece a possibilidade de mudança (BRASIL, 2008). E esta discussão é muito pertinente pois retiramos a mulher do polo de vítima, fraca e submissa e a posicionamos como sujeito de sua vida e decisões, com possibilidades de sair desta situação, seja pelo uso da Lei Maria da Penha, seja com o rompimento do ciclo viovlento, seja por uma mudança (cultural e pessoal) do companheiro... ou seja abre possibilidades para um problema tão complexo.

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  20. Sabemos que a conhecida Lei Maria da Penha é um marco na tipificação da violência contra as mulheres, mas ainda os inúmeros casos de agressões nos deixam indignados. Expressões como os colegas Luciana, Vanuza e Rita colocaram devem servir para reforçar os princípios de respeito aos valores éticos e sociais e a não discriminação de gênero.
    Ao focar nas expressões do dia-a-dia, sabemos que estão vinculadas às desigualdades entre homens e mulheres, onde se configuram as agressões do nosso convívio social.
    Para tanto, as discussões sobre violência contra as mulheres também percorrem um longo caminho de desigualdades entre homens e mulheres, onde eles possuem uma superioridade (principalmente física) mas não relaciona-se a violência como um ato de agressão, e sim com a discriminação, exploração, crueldade e opressão.

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  21. Um das formas mais comum de violência contra a mulher é a física, que pode levar a consequências fatais. Entretanto esse problema de caráter público vem-se apresentado como algo banalizado pelas pessoas, o que permiti que muitas coisas ocorram sem serem percebidas com algo sério que necessita de atenção. Esse problema não pode ser “normalizado” pelas pessoas, como por exemplo, quando um homem agride fisicamente uma mulher, é comum dizer que ela não fez bem seu trabalho, não se comportou bem. Essas representações sociais devem ser banidas, pois a banalização além de oprimir o ser mulher, contribui para o fortalecimento das desigualdades de gênero. Nesse sentido, deve-se manifestar os direitos de cidadania das mulheres, aplicar os direitos que estão na Lei Maria da Penha, de modo que “Uma vida sem violência é um direito das mulheres” (Campanha 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres).

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  23. Concordo com a colega Marta quando ela afirma que termos como " ela apanha porque gosta" ou "um tapinha não dói" reforçam a idéia de desigualdade de gênero. O homem possui uma força física maior que a mulher, isso é fato. O problema é que isso está atrelado a idéia de agressividade.Alguns homens se valem de sua força física para impor sua autoridade e com isso quem sofre são as mulheres e crianças que não dispõe de força que possa se equiparar a dos seus agressores. Sendo assim, as mulheres estão vulneráveis à violência física e sexual, por exemplo. Como esta prática vem ocorrendo ao longo do tempo e, até então, não encontrava fortes barreiras para contê-la, criou-se uma idéia de resignação, de que a vida é assim mesmo; de que algumas mulheres tem sorte por não apanharem... Então, termos como os supracitados tornam-se comuns e são repetidos sem nenhuma reflexão ou, às vezes, como forma de julgamento sobre aquelas que sofrem a violência.
    Ainda que existam Leis e Organizações que defendam a integridade e a dignidade das mulheres, persistem pensamentos e práticas discriminatórias.

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